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29 de dezembro de 2010

Chegando e saindo do Brasil para estudar

Um ano de intercâmbio em Portugal regado a novas amizades, aventuras e mochilões renderam-me, além da impagável experiência de viver fora, ótimos anos pós-intercâmbio. Depois de ser recebida por amigos e amigos de amigos na Europa inteira, quando voltei ao Brasil, foi minha vez de receber pessoas na minha casa e na casa dos meus pais. Foi muito gostoso passar os últimos 3 anos tentando ajudar e mostrando o melhor de São Paulo, Vale do Paraíba e Ubatuba principalmente.  Mas o mais confortante foi ouvir que todos sempre gostaram e que estou sendo até indicada como "Guia da cidade São Paulo" para intercambistas.
Assim, praticamente 5 anos depois de ter começado a me preparar para sair do Brasil e, se tudo der certo, preparando-me para sair novamente, decidi escrever alguns posts sobre essa experiência, com a esperança de que seja útil para brasileiros que pretendem fazer ou estejam fazendo intercâmbio na Europa e para intercambistas chegando em São Paulo. Pretendo contar com a colaboração de outros amigos estrangeiros e brasileiros que tiveram experiências diversas. Além disso, buscarei fazer os posts para intercambistas chegando ao Brasil em inglês.

13 de julho de 2010

Rituais

Nesta semana comecei a ter meu primeiro contato verdadeiro com uma língua oriental. Se aprender uma língua nova já é uma experiência quase de outro mundo, aprender uma língua do extremo oriente então... Depois da minha primeira aula, não só eu estava animada para contar as coisas engraçadas, mas todos meus amigos também estavam curiosos para saber um pouquinho do lugar que fica pra lá da China. A parte interessante das reações aos meus relatos foi ouvir de quase todos "nossa, como os japoneses são cheios de rituais, né?". E eu fiquei matutando, porque eu não tinha pensado nisso nem durante e nem depois da aula.

Desde que retornei de Portugal, tenho convivido com muitos intercambistas aqui no Brasil e, passei a ter a oportunidade de vivenciar o português como língua estrangeira e a cultura brasileira como algo a ser divulgado e valorizado, ou seja, algo além daquilo que perpassa meu cotidiano e minha vida natural. Depois dessa experiência, passei a ter uma percepção diferente a respeito da minha língua materna e também da função da língua numa sociedade (a comida também ocupa um lugar importante, mas isso será tema para um próximo post).

Colocando lado a lado o japonês com o português, não creio que um seja mais ritualístico que o outro. Talvez o português brasileiro seja mesmo mais informal, porque os brasileiros em geral tendem a ser mais informais nas suas relações, mesmo as hierárquicas. Mas quem disse que apertar as mãos não é um ritual? E  vai me dizer que vc nunca viu um carioca passar vergonha em São Paulo porque aqui se cumprimenta com só um beijo no rosto, e não dois?

Eu nunca estudei antropologia, mas realmente gostaria de conhecer a razão e a função dos rituais, pois eles são tão relevantes na nossa vida, que abandoná-los para começar a praticar outros causa grandes impactos e dificuldades de adaptação. Passar a controlar o impulso de estender as mãos e, em lugar  disso, mecanizar o movimento de se curvar dizendo "dozo yoroshiku onegaishimasu" sem rir me parece muito mais complicado do que me sentir uma analfabeta por não ler hinagara e katana.