17 de fevereiro de 2010

Dry Summer

Pra ser sincera, ao longo dos anos acabei por me limitar ao cinema francês. Não sei... Vi e gostei. Como quase nunca me desapontei, continuei vendo. Ao fim, acabei por criar um preconceito em relação a filmes de outras nacionalidades o qual se resumia em "Ok, vou ver! Mas acho que não vou gostar". Continuo mantendo os franceses na lista, mas resolvi (1) tentar gostar de Quentin Tarantino; (2) ver filmes das mais diversas nacionalidades. A proposta 1 foi um fiasco... Entretanto, ainda não vi Inglorious Bastards e então pode ser que ainda exista salvação. A proposta 2 começou bem com Susuz Yaz (Dry Summer). 

Susuz Yaz é um filme turco, da década de 60, ou seja, preto e branco e com legendas em inglês. Ufa, ao menos não é mudo! Ainda assim... Difícil de digerir no começo!  No entanto, com o desenrolar desse longa metragem, a trama e os diálogos singelos vão envolvendo. São apenas três personagens principais: camponeses cuja pequena propriedade fica a montante de um riacho. O "vilão" quer controlar a água, para tê-la em quantidade suficiente para plantar na primavera e colher no verão. Seu irmão (o mocinho) e a mulher deste (a mocinha) são contra essa atitude, pois acreditam que a água é de todos, incluindo os camponeses que tem sua terra a jusante. Em um dos conflitos que ocorrem após o vilão construir - se é que se pode chamar assim o engenho rústico - uma barreira que impedia a vazão da água, o mocinho acaba sendo preso e sua mulher fica sob o mando do vilão, que nutre uma lascívia amedrontadora por aquela.

Bem, não me atrevo a contar mais do que isso, para não estragar as pequenitas surpresas do filme. Mas confesso que as coisas que mais me encantaram foram a fotografia (apesar de estar em preto e branco) e o modo como um conflito tão comum e tão importante foi tratado de forma tão lúcida e simples neste roteiro, que chega mesmo a ser didático em relação a princípios que só a partir da década de 70 passaram a ser considerados essenciais pela comunidade internacional. Ok, meu lado nerd de quem realmente gostou de se dedicar ao estudo do tratamento internacional das águas foi despertado. Mas mesmo para quem não cultiva esse lado nerd, vale a pena!

Fica a minha vontade e curiosidade para aprender mais sobre a complexidade da Turquia. É uma pena que quando viajei pra lá não tenha tido tempo e nem maturidade para admirar melhor sua riqueza.

10 de fevereiro de 2010

Aquele querido mês de agosto (Our beloved month of August)

Bem cotado, com muitas cenas de regiões de Portugal (em tese com boa fotografia) e uma oportunidade de ver o despontante cinema português no Brasil. Tal filme me chamou atenção. Logo quis ver, mas lá nessa época não deu. 
Neste fim de semana, comprei o filme no The Auteurs. Não esperava nada, mesmo porque não conheço cinema português e muito menos o estilo de qualquer diretor. Ainda assim, o filme surpreendeu-me negativamente. Nada de inovador no estilo (uma tentativa de filme metalinguístico e com inversões temporais), nada de inovador na fotografia (não tratou as belíssimas paisagens portuguesas com o devido valor) e nada de inovador no roteiro.
Parte tem como mote o trabalho de uma equipe para produzir um filme e escolher os atores para as personagens, com inserção de diálogos que tentam ser nonsense. A outra parte do filme é o próprio roteiro desse filme que se pretendia produzir e que conta a história de uma adolescente "orfã" de mãe (esta desapareceu de casa e nunca mais voltou) que canta em uma banda de música pimba formada por seu pai, seu tio e seu primo. Já para o meio do filme, óbvio que os primos se apaixonam e, desculpem contar, não ficam juntos no final. Oh, surprise!
Ok, ainda darei mais uma chance ao cinema português, já que esta foi a primeira mostra, mas isto já não começou bem, ê pah!
Por enquanto, vou ficar com um cineminha turco para cultivar minha paixão pela cultura turca. Para o fim de semana? Espero ver Invictus no cinema de verdade!