31 de julho de 2010

Ócio + gastronomia = combinação fatal

Entre o meio de junho e o início de julho foi minha saga gastronômica. Saquei do bolso algumas receitas que tinha guardadas e decidi deixar de ser aquela que só esperava a comida ficar pronta, porque sempre achou que as amigas cozinhavam melhor. Ok, é difícil concorrer com uma pessoa que fez gastronomia e outra que cresceu na cozinha com as mamas ucranianas, mas lições aprendidas: cozinha só se aprende fazendo e nem sempre a mesma receita vai dar certo.
De ruim, ganhei apenas um dedo quase cortado ao meio (seguido de um desmaio) e alguma semi-desidratação com cositas que ficaram salgadas demais. Talvez eu tenha ganhado alguns gramas também... Mas isso foi mais pro final, quando cheguei na feijoada... Ficou tão boa, que passei dois dias almoçando e jantando feijoada! Só não foi apreciada também no café da manhã, porque eu estava acordando já na hora do almoço.
Comecei pelo cachorro quente ao molho picante, receita que queria fazer há séculos, desde que a vi no blog da Gigi. Para os preguiçosos, eu vou copiar a receita, aqui. É ultra-fácil e tem um sabor recompensador da ardência embaixo das unhas. Ah, a foto também é dela, já que eu não tenho câmera e não tirei foto do meu experimento.


 
INGREDIENTES:
1 tomate médio
2 colheres de sopa de alho-poró picado
1 dente de alho
1 pimenta dedo-de-moç
sal e pimenta-reino à gosto
MODO DE PREPARO:
Picar todos os ingredientes. Retirar as sementes da pimenta se não quiser um molho muito picante. Refogar tudo com um pouco de azeite (primeiro o alho, depois o alho-poró, a pimenta e o tomate) e pronto! Se quiser um molho menos “pedaçudo”, deixe a panela tampada em fogo bem baixo por uns dois minutos no máximo.
Obs.: O nível de ardência pode variar conforme o gosto do cozinheiro. O meu foi ultra-picante. O resultado foi acompanhado de uma brejinha.

Depois de algumas semanas de experiências, eu só posso dizer que vale a pena. Mas tem os inconvenientes: (i) dá vontade de aprender cada vez mais, mas, se gastronomia não vai ser sua profissão principal, não é fácil e nem barato aprender muito; (ii) quando não dá tempo de fazer alguma coisa legal, a gente perde a vontade de fazer a comida e já não há mais paladar pra comer qualquer gororoba e vc passa uma boa parte do seu dia se perguntando "ó céus, o que comerei hoje?"; (iii) dá muita vontade de fazer as coisas em casa, pois em São Paulo, qualquer porcaria custa os olhos da cara e vc percebe que consegue fazer muito melhor por menos de 1/3 do preço; (iv) a maior parte das coisas especiais leva itens que, se eu consumir o tempo todo, provavelmente vou começar a ter problemas.
O jeito é tentar achar um equilíbrio. Uma boa forma é começar a fazer aulas na liberdade e comer por lá pelo menos uma vez por semana. Falando nisso... Japonês é uma língua de outro mundo... Mas isso fica pra próxima!

13 de julho de 2010

Rituais

Nesta semana comecei a ter meu primeiro contato verdadeiro com uma língua oriental. Se aprender uma língua nova já é uma experiência quase de outro mundo, aprender uma língua do extremo oriente então... Depois da minha primeira aula, não só eu estava animada para contar as coisas engraçadas, mas todos meus amigos também estavam curiosos para saber um pouquinho do lugar que fica pra lá da China. A parte interessante das reações aos meus relatos foi ouvir de quase todos "nossa, como os japoneses são cheios de rituais, né?". E eu fiquei matutando, porque eu não tinha pensado nisso nem durante e nem depois da aula.

Desde que retornei de Portugal, tenho convivido com muitos intercambistas aqui no Brasil e, passei a ter a oportunidade de vivenciar o português como língua estrangeira e a cultura brasileira como algo a ser divulgado e valorizado, ou seja, algo além daquilo que perpassa meu cotidiano e minha vida natural. Depois dessa experiência, passei a ter uma percepção diferente a respeito da minha língua materna e também da função da língua numa sociedade (a comida também ocupa um lugar importante, mas isso será tema para um próximo post).

Colocando lado a lado o japonês com o português, não creio que um seja mais ritualístico que o outro. Talvez o português brasileiro seja mesmo mais informal, porque os brasileiros em geral tendem a ser mais informais nas suas relações, mesmo as hierárquicas. Mas quem disse que apertar as mãos não é um ritual? E  vai me dizer que vc nunca viu um carioca passar vergonha em São Paulo porque aqui se cumprimenta com só um beijo no rosto, e não dois?

Eu nunca estudei antropologia, mas realmente gostaria de conhecer a razão e a função dos rituais, pois eles são tão relevantes na nossa vida, que abandoná-los para começar a praticar outros causa grandes impactos e dificuldades de adaptação. Passar a controlar o impulso de estender as mãos e, em lugar  disso, mecanizar o movimento de se curvar dizendo "dozo yoroshiku onegaishimasu" sem rir me parece muito mais complicado do que me sentir uma analfabeta por não ler hinagara e katana.

4 de julho de 2010

Todos os nomes

O título deste post convém, pois é também o título de um livro de um dos escritores que mais leio e que morreu recentemente: José Saramago. Mas não é sobre o livro que vou falar, mas sobre nomes mesmo.

Neste fim de semana, visitei um primo distante cuja mulher atual decidiu por livre e espontânea vontade dar aos filhos nomes que iniciam pela letra K. Até aqui, tudo bem... Ocorre que seus filhos não se chamam Kátia e Karolina, por exemplo, mas Kassem, Kelvin e Karen. Esta última, que tem justamente a o nome mais normal, decidiu chamar sua filha de Kevelyn!

No mesmo fim de semana, ao começar a ler um artigo sobre Direito Ambiental, eis que me deparo com uma autora chamada Cinnamon. Não que eu vá respeitar menos o trabalho dela... Muito pelo contrário! Mas considerando o quão pequeno o mundo jurídico é, acredito que no futuro eu a encontre por aí e que será bem difícil segurar uma piadinha ao sermos apresentadas. Imaginem a Professora Cinnamon sendo anunciada na abertura de uma Conferência "teremos conosco Cinnamon" e plateia pensando "que raios... Prefiro cravo!".

Ok, eu me chamo Maybi e sempre penso bem antes de falar de nomes alheios (especialmente antes de falar MAL)... Mas meu nome, apesar de sempre ter causado dificuldades de pronúncia (ainda que eu não entenda por quê, uma vez que basta pronunciar como se lê), nunca me causou constrangimentos, não foi inventado e não é nome de comida em nenhuma língua moderna!