16 de fevereiro de 2013

Eu começo e não termino...

Há algum tempo eu descobri a facilidade com que começo as coisas e não termino desde que a total responsabilidade da minha vida foi passada a mim. 

Na faculdade, eu comecei a fazer teatro e desisti. Comecei a fazer simulações jurídicas e desisti (apesar de ter retomado mais tarde). Comecei a ler vários livros e parei no começo, na metade, um pouco antes do fim... Comecei a nadar três vezes por semanas, o que se reduziu a uma vez por semana e depois a nada. Até salto ornamental eu comecei e desisti. Nunca quis necessariamente desistir de nenhuma dessas atividades. Ocorreu apenas que eu descobri ter a possibilidade de fazer praticamente tudo que eu quisesse nesse mundão... Era um mundão de possibilidades diante do meu nariz e eu sempre achei que eu deveria provar de tudo.

Aqui no Japão, com mais tempo e dinheiro disponível, decidi retomar coisas que parei na época da faculdade e tentar coisas, tais como enfrentar a barreira linguística e aprender novos esportes.  Desisti de praticamente tudo: do flamenco, do ballet, do curso de japonês... O que me preocupa é que o processo de desistência aparenta ser diferente. É como se eu estivesse em busca de algo que não encontro no passado (a tentativa de retomar atividades que abandonei involuntariamente em razão dos estudos ou da falta de dinheiro) e nem no novo (o aprendizado do japonês por exemplo). Há, também, algo que me sussurra: "Vc não pode mais experimentar pra sempre! Precisa decidir, precisa escolher e se agarrar a sua escolha". Mas, pensando cá comigo: anteriormente meu mundo sempre havia sido muito limitado, ninguém nunca me contou que eu precisava escolher, o que torna difícil pensar em uma... Escolha.

Na minha infância, eu sempre tive os mesmos amigos, brincava na mesma rua, subia na mesma goiabeira, assistia aos mesmos programas de tv. Consigo contar nos dedos as vezes em que viajei mais longe do que 100 km da minha cidade. Eu lembro que minha maior felicidade intermitente era ir buscar água em Lavrinhas! Em casa tinha daqueles galões de 20 litros de água e, numa microcidade a 20 minutos da minha, tinha uma mina d'água muito boa! Assim, toda vez em que a água começava a acabar, meu pai avisava: "vamos buscar água em lavinhas!". Eu pulava, trocava de roupa e corria para o carro. Em Lavrinhas, eu brincava na praça ou sentava pra sempre esperando o galão encher... Ah, claro, cresci sem internet!

Apesar de algumas conquistas, as dificuldades permaneceram na faculdade e, então, meu mundo continuou um pouco limitado: eu tinha que fazer estágio, não podia passar a tarde toda estudando direito internacional, política, literatura, sociologia e línguas. 

De repente, logo depois da faculdade, eis que eu posso escolher! Tenho tempo! Posso pagar! Mas, tão repente quanto a alegria, veio a indecisão e o consequente abandono de vários objetivos uma vez estabelecidos. Foi um longo período assim. Um período que talvez esteja dando, finalmente, adeus... Já vai tarde!

Eu acredito que esses períodos de adeus também representam perdas pessoais e agora que venha então o desafio de lidar com as perdas e deixar os sentimentos simplesmente fluírem!

Um comentário:

Natália Gonçalves disse...

Eu acho escolher uma coisa tão difícil... E eu completamente entendo essa sensação de "você vai escolher ou não?!", hahaha, parece que o mundo te pressiona o tempo todo, né?

Bjo =*