Com essa história de fazer aula de japonês na Liberdade pelo menos duas vezes por semana bem na hora da fominha e sempre ver vocabulário daquelas coisas deliciosas nos estudos (todo dia, sem chance de escapar), eu comecei a praticamente viver da vontade de comer comida japonesa. Sábado virou dia de Nandemoya, um restaurante de comida oriental por quilo que fica meio escondido mas está sempre lotado, e do Takoyaki da Rua Galvão Bueno (não lembro o nome do mercadinho onde fica o Sr. simpático, mas fica na altura do nº 270).Recentemente, antes das aulas de sexta, fui também ao Kohii e ao Aska. O Kohii, criado por descendentes de japoneses, nasceu a partir de uma concepção menos tradicional. Segundo o gerente, a ideia foi desenvolver um cardápio e oferecer um ambiente brasileiros, mas sempre com um toque das raízes japonesas. Na minha opinião, foi muito bem sucedido e merece visitas! Já o Aska, é o Lámen mais tradicional da cidade, junto com o Porque Sim e o Lamen Katsu. No cardápio, só o tradicional, sem muitas opções (ótimo para os indecisos como eu), mas vale a pena! É saboroso e barato!
Mas eis que começa a chegar um pouco de ansiedade pela hora de partir e percebo que preciso me livrar dessa vontade e voltar a comer coisas da minha terra. Momento de parar e pensar necessariamente "preciso comer tudo de que vou sentir falta" (sem duplos sentidos, por favor!).
Comecei por repescar minhas experiências anteriores: do que senti falta em Portugal? Na verdade, não tive vontades absurdas de várias coisas. Como os pratos portugueses são fantásticos e baratos, eu me distraía bem. Além disso, eu praticamente comia um pão diferente a cada dia no café da manhã e no café da tarde, de tantas opções (todas boas) que havia. Ai, como eu sinto falta do bacalhau com natas e da broa alentejana! Ah, não posso me esquecer de que foi lá que aprendi a tomar café, de qualidade média muito melhor do que no Brasil. O café da cantina da faculdade era comparável a um Santo Grão e me custava 0,90euros (ou noventa cêntimos, como dizem os portugueses).
Mas eu cansei de passar longos períodos comendo só um tipo de fruta. Funcionava assim: eu ia ao supermercado e, durante muitas semanas, tinha pêra, pêra, pêra e pêra no mesmo preço médio do quilo de maçã aqui no Brasil, por exemplo. Isso era o mais barato. Pra lá disso, encontravam-se mais umas duas opções por uns 2,5euros/kg e todo o resto a pelo menos 5euros/kg. Como meu budget só permitia a fruta da estação... Senti falta também da incrível variedade que há em São Paulo para todos os bolsos! É bem possível comer muito em um mexicano ou japonês por R$ 30 (prova disso são o Si Señor e o Nandemoya). Além disso, pizza a R$ 15 é algo bem comum aqui. Lembro-me também que a carne bovina lá, importada da Irlanda, é tão ruim que eu sempre abria mão dela por um filé de porco, peixe ou frango. Só ao fim um dia do intercâmbio, veio uma grande vontade e me dei ao luxo de um pedaço de picanha, que nem foi difícil de encontrar e tampouco caro.
Aproveitei essa onda de calor, então e comecei a comer fruta em uma quantidade, variedade e frequência com que não comia antes... E descobri que não se trata mais só de comer tudo o que eu já conhecia de bom, porque finalmente fui à Sorveteria Frutos do Cerrado e me dei conta de que ainda tenho que descobrir uma imensidão. Quanta riqueza há no Brasil! E quão pouco conhecemos da nossa terra... Fiquei feliz de ver e provar tantos sabores diferentes, mas fiquei triste de saber que não sabemos apreciar nossa terra e nossos sabores, especialmente de tudo o que está acima de São Paulo. O cerrado, a caatinga e a Amazônia têm tanta coisa a nos oferecer de modo sustentável, mas por enquanto, só nos rendemos ao açaí, que está longe de ser o mais saboroso. Confesso também que fiquei com vergonha na frente da atendente da sorveteria: eu nunca tinha visto metade nos nomes que estavam acima das embalagens (Mangaba? Oi?).Ao lado, do mesmo dono, há um restaurante de comida típica do Mato Grosso do Sul. Adivinha qual é a especialidade? Soba! Sim, o mesmo soba que veio de Okinawa é comida tradicional no Mato Grosso do Sul. Claro que amo essa pura demonstração de integração cultural!
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